22 de março de 2023 - Notícias
Segundo
familiares, unidade em Ribeirão Preto não permitiu reconhecimento, informou por
engano morte e liberou corpo de outra pessoa para traslado. Confusão foi
desfeita pouco antes do velório, quando aposentado ligou para a irmã, negando
que tivesse morrido.
Um erro de uma Unidade de Pronto Atendimento de
Ribeirão Preto (SP) levou uma família de Bebedouro (SP) a organizar o velório
de um parente que na verdade estava vivo.
De acordo com familiares, a equipe da UPA da Avenida
Treze de Maio informou que o aposentado José Roberto Pereira, de 58 anos, que
vive em Ribeirão Preto, havia morrido, mas não permitiu o reconhecimento no
local e liberou o corpo de outra pessoa para o traslado até Bebedouro.
A confusão somente foi desfeita quando Pereira, que
soube por terceiros do ocorrido, ligou para uma de suas irmãs e confirmou que
estava vivo.
"Foi assim um filme de terror, porque eu já tinha
passado muita dificuldade para conseguir enterrar meu irmão, pra conseguir
abrir uma cova, foi assim, resumindo, muito difícil", afirma a auxiliar de
saúde bucal Lourdes Pereira Liberato.
O caso foi registrado na Polícia Civil, e a família
avalia entrar na Justiça tanto por danos materiais, pelos gastos com o velório,
quanto morais.
A Secretaria Municipal de Saúde confirmou e lamentou o
equívoco, além de se prontificar em arcar com os custos da família com o
velório, mas negou que tenha impedido o reconhecimento do corpo na unidade de
saúde. "A Secretaria da Saúde esclarece que não há proibição de
reconhecimento do corpo, inclusive faz parte do protocolo."
Além disso, informou que vai investigar se houve falha
do setor responsável pela conferência de documentos na hora de liberação do
corpo.
Até a última atualização desta notícia, a Prefeitura
não tinha conseguido localizar a família do paciente que morreu.
Erro em comunicação de morte
A confusão aconteceu na sexta-feira (17). Segundo
informações da própria Prefeitura, dois pacientes com sobrenomes
"parecidos" passaram pela UPA da Avenida Treze de Maio.
Um deles que chegou a ser atendido no local, mas teve
uma piora no quadro clínico e morreu. O outro é José Roberto Pereira, que
chegou a procurar atendimento, foi medicado, mas deixou o local.
Segundo a família, foi então que um filho do aposentado
foi chamado a comparecer à UPA, onde foi avisado por um funcionário que o pai
havia morrido depois de passar mal, mas não teve a chance de reconhecer o
corpo.
"Ele [o funcionário] falou: não, naquele lugar
você não pode entrar, já está tudo certo, é seu pai, só vai atrás do
sepultamento, da funerária, para eles fazerem o transporte e o enterro do
corpo", afirma Lourdes.
Depois disso, Lourdes começou a providenciar os
detalhes para o funeral, que aconteceria em Bebedouro. Enquanto o corpo era
levado de Ribeirão Preto para o velório, uma das irmãs do aposentado recebeu
uma ligação, que a princípio achou estranha: quem havia ligado era o próprio
José Roberto Pereira, insistindo que estava vivo.
Por um acaso, ele havia passado no local de trabalho do
filho, uma imobiliária em Ribeirão Preto, onde foi reconhecido por um terceiro,
que o alertou sobre a confusão.
"Falou assim: oh, eu não morri, eu tô aqui. Vocês
estão no velório? O que está acontecendo?", afirma Lourdes.
Segundo ela, a irmã não acreditou no que ouvia e achou
que aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto. "Até achei que ela
estivesse surtando na hora. Ela falou: para de brincar comigo, você está
vivo?"
Depois de muita insistência e de um vídeo gravado pelo
próprio aposentado, a família entendeu o que havia ocorrido. Com a chegada do
caixão ao velório, onde estava o corpo de um homem mais jovem, a a confusão foi
desfeita.
"A minha irmã começou a entrar em desespero, pediu
pra todo mundo escutar a voz dele pra entender o que estava acontecendo. Aí
eles colocaram o caixão naquela hora mesmo: 'abre, abre, pelo amor de Deus,
abre esse caixão.' Aí eu vi realmente que não era meu irmão", conta
Lourdes.
Apesar do alívio de saber que o irmão está bem, a
auxiliar de saúde bucal relata que o transtorno para a família foi muito grande
e que tudo poderia ter sido diferente, caso tivesse havido o reconhecimento do
corpo na UPA.
"Ele ficou super preocupado, todo mundo passando
mal naquela hora, porque, que situação é essa, a gente vê isso em filme, na
vida real a gente não vê. Eu acho que errar todo mundo erra, o ser humano é
falho, mas não deixar ver o corpo e mandar mesmo assim, gente, nem com bicho se
faz isso", questiona a irmã do aposentado.
Por G1
Compartilhe