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Carlos Moura/Agência Senado
 

 

08 de dezembro de 2025 - Política

Lideranças do centro e da direita descartam aderir ao projeto presidencial de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e afirmam enxergar um cenário favorável para construir uma candidatura própria após o movimento que indica a saída de Jair Bolsonaro da disputa de 2026.

A avaliação nesses grupos é que a principal mensagem do anúncio feito por Flávio, na sexta-feira (5), foi justamente a de que o ex-presidente está, ao menos por ora, fora do jogo — algo que Bolsonaro sustentava evitar até ser preso pela tentativa de golpe, no mês passado. Apesar de inelegível, ele repetia que manteria sua candidatura até o fim, estratégia semelhante à adotada por Lula em 2018.

Ao declarar que foi “escolhido” pelo pai para concorrer ao Planalto, Flávio sinalizou uma mudança de rota. Com isso, partidos da centro-direita, que rejeitam abertamente sua candidatura e consideram dever lealdade apenas a Jair Bolsonaro, veem espaço para se reorganizar e lançar um nome fora do núcleo familiar. A expectativa é que as peças do tabuleiro sejam definidas nos próximos 60 dias.

Nos bastidores, líderes afirmam que há apenas uma chapa capaz de competir de fato: uma candidatura liderada por Tarcísio de Freitas, mas sem qualquer participação da família Bolsonaro.

Entre aliados do ex-presidente, a declaração de Flávio de que teria um “preço” para desistir da candidatura foi classificada como “desastrosa”. Para esse grupo, o anúncio não foi um movimento voltado ao cenário político interno, mas um recado direcionado aos Estados Unidos.

Segundo interlocutores, a família teme que os EUA revoguem sanções impostas ao Brasil, o que representaria um revés para a estratégia de Bolsonaro em território americano. Assim, o lançamento de um Bolsonaro como pré-candidato serviria para acenar a Donald Trump e manter viva a perspectiva de poder no Brasil, ainda que em “modo desespero”.

 
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